terça-feira, 9 de novembro de 2010

Descobrindo um poeta Ondjaki

desnoções & algibeiras


para ser grilo

há que ter algibeiras

onde também caibam silêncios.

ser sorrateiro

espreitando entre dois fios de relva.

saber fazer uma teia invisível

onde o infinito se armadilhe.

encarar o universo com

demasiada intimidade

– a modos que quintal.

saber que:

as estrelas encarecem

de carinho

e brilham para mais desanonimato;

sonetar com roncos de garganta

mas desminar rebentamentos no coração.

para ser grilo

há que ter desnoções.

viver que:

há só uma distanciaçãozinha

entre apalmilhar um quintal

e acomodar estrelas num abraço.

ondjaki

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