quinta-feira, 24 de junho de 2010

Céu de inverno


Tangará sob o céu de inverno / Parque Estadual do Itacolomi / Minas Gerais
Foto: Renata

Rios


Rio Ipiranga / Parque Nacional do Pico do Marumbi / Paraná
Foto: Renata

Colhamos flores,

Molhemos leves

As nossas mãos

Nos rios calmos,

Para aprendermos

Calma também...

Ricardo Reis

Nínguém pode entrar no mesmo rio duas vezes.
Heráclito

O som da água diz o que eu penso.
Poeta taoísta

porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma dos homens. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranquilos e escuros como os sofrimentos dos homens. Amo ainda mais uma coisa de nossos grandes rios: sua eternidade. Sim, rio é uma palavra mágica para conjugar eternidade...
Guimarães Rosa

Citações de Rubens Alves, Sobre o tempo e a eternaidade, p.161-164.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Saramago 1922-2010

Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne,
e sangra todo dia.


José Saramago, A segunda vida de Francisco de Assis, p. 39

domingo, 20 de junho de 2010

Uma das partes mais enigmáticas e divertidas da vida de Tim Maia: o período de conversão a ‘Cultura Racional’.

Na natureza selvagem (Into the Wild, 2007) Dividindo impressões

O filme retrata a verídica viagem de Chris McCandless, que sai em busca da sua essência e da unidade com a natureza. Ele abandona todos os paradigmas da sociedade, especialmente tudo que o consumismo capitalista cria e impõe. O filme pode ser visto sob o âmbito ambientalista e das relações humanas, mas é acima de tudo político. Em sua mochila, por exemplo, Chris leva um dos seus livros prediletos, ‘Desobediência civil’ de Thoreau. Grande parte das pessoas vê em Chris, um louco. Esta, no entanto, a meu ver é uma percepção bastante errônea e superficial da história. Afinal Chris não é controlado pelo tempo, respeita seus desejos, se consterna com o outro, contempla o belo e se emociona.
Não seríamos nós os loucos?

domingo, 13 de junho de 2010

Uma versão poética de como os rios surgiram

No antigamente, o Diabo estava a morrer. Deus ficou aflito: sem o Demónio ele seria apenas metade. Foi então que Deus acorreu a curar o seu eterno inimigo. O que Deus, primeiro, fez foi beber água. Nesse tempo só havia mar. Ele bebeu dessa água salgada, cheia de alga e inorganismos. Deus teve alucinações e vomitou sobre o Universo. O vómito era ácido e os seres definharam, contaminados pelo cheiro nauseabundo. A água adoeceu, as plantas amarelaram. O gado começou a dar sangue em vez de leite. Deus enfraquecia que dava pena. Foi então, já cansado, que ele inventou os rios. Criou os rios com água vinda de suas mais longínquas forças, as veias de sua alma. Mas ele estava debilitado, incapaz de imensidões. Por isso, os rios não são tão infinitos como o mar. Aquela água doce, só de ser vista, revigorou a alma de Deus. Todavia, os rios a si mesmo não bastavam. Lhes fazia falta o mar, o lugar infinito. E a água voltou à água.

Mia Couto, O último voo do flamingo, p.124

Uma das 50 pessoas que podem salvar o planeta - Marina Silva

sábado, 12 de junho de 2010

Retomando impressões - Procurando desenhos em nuvens?


Como o blog é super novo, acho importante retomar impressões, que me marcaram, sob diversos aspectos. Uma delas foi à exposição de
Vik Muniz em 2009 (MASP/SP), que me afetou em todos os sentidos. Uma vontade imensa de partilhar o que vi e o que senti tomou conta de mim naquela tarde.

Heis aqui a possibilidade de partilhar um pouquinho.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Para o dia 12 Mercedes Sosa (1935-2009)


Agua Fuego Tierra Y Viento

Llevo muy adentro cada gota de mi vida
Un amor profundo, luminoso, singular.
Te amo con el alma, te amo sin medida,
Te amo solamente como nadie supo amar.
Pero no estoy sola, este amor que nos protege
Viene acompañado como río rumbo al mar,
Trae enamorado agua, sol y peces
Y refleja un cielo donde vamos a volar.
Cuando yo te abrazo no te abrazo sola,
Te abraza conmigo una eternidad,
Te abrazan los valles, las montañas y los vientos,
Las flores del campo y el olor del pan.
Cuando yo te beso, no te beso sola,
Azúcar te traigo del cañaveral.
Soy como la tierra para darte fruto,
Soy de miel morena para amarte más.
"esto sentimos por ustedes,
Nuestro continente amado latinoamericano"
Vengo desde siglos, traigo voces y señales
Que salen del fondo de la tierra por mi voz.
Cuando digo te amo, te aman los frutales,
La luna que enciende en mis ojos el carbón.
Por eso te cuido, te extraño, te nombra mi canción,
Por eso te apaño con mis manos de algodón.
Que nada ni nadie pueda hacerte daño,
Te pongo de escudo el parche de mi corazón.
Cuando yo te abrazo no te abrazo sola,
Te abraza conmigo una eternidad,
Te abrazan los valles, las montañas y los vientos,
Las flores del campo y el olor del pan.
Cuando yo te beso, no te beso sola,
Azúcar te traigo del cañaveral.
Soy como la tierra para darte fruto,
Soy de miel morena para amarte más.
Soy de miel morena para amarte más.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A encantadora Margaret Mee

Em abril deste ano tive a oportunidade de conhecer a obra de Margaret Mee (1909-1988) na exposição '100 anos de vida e obra'. Seu trabalho representa fielmente tanto a biodiversidade da Amazônia, uma riqueza inagualável, quanto sua personalidade obstinada e desbravadora.

Gustavia pulchra False bombax

Influências atuais


Devemos aprender a despertar novamente e a manter-nos despertos, não com ajuda mecânica, mas pela infinita expectativa do amanhecer, que não nos abandona em nosso sono mais profundo.

Henry Thoreau, Walden ou A vida nos bosques, p.39

...espíritos altivos e saudáveis dêem-se conta de que o sol nasce todas as manhãs e de que nunca é tarde demais para abrir mão de preconceitos. Afinal, nenhum modo de pensar ou agir, por mais consagrado que seja, pode merecer cega confiança. O que, hoje todos aceitam, louvando ou em silêncio, pode revelar-se amanhã como um equívoco, mera fumaça de opinião que alguns tomaram por nuvem que espargiria chuva fecundando os campos.

Henry Thoreau, Walden ou A vida nos bosques, p.3

A propósito disso gostaria de lembrar que não gasto um tostão com cortinas, pois não tenho que impedir o olhar insistente de ninguém, a não ser do sol e da lua, os quais para mim são sempre bem-vindos.

Henry Thoreau, Walden ou A vida nos bosques, p.29