sábado, 28 de agosto de 2010

Memórias - 2

Quem não já pegou uma baita chuvarada. Chuva é a 2a do ranking. Adorava ir para escola em dia de chuva. Bem adorar é pegar pesado, vamos dizer, assim, transformava o limão em uma boa limonada. Tem coisa mais divertida do que cantar na rua em dia de chuva? Ninguém te escuta. Era o máximo. Segue abaixo meu repertório, na adolescência, em dia de chuva.

Chove Chuva
Jorge Ben Jor


Chove Chuva
Chove sem parar...
Pois eu vou fazer uma prece
Prá Deus, nosso Senhor
Prá chuva parar
De molhar o meu divino amor...


Que é muito lindo
É mais que o infinito
É puro e belo
Inocente como a flôr...

Deixa Chover
Guilherme Arantes


...Deixa chover

Ah! Ah! Aaaaaaah!
Deixa a chuva molhar


Dentro do peito
Tem um fogo ardendo
Que nunca vai se apagar...

Lágrimas e chuva

Kid Abelha

...Lágrimas e chuva

Molham o vidro da janela
Mas ninguém me vê
O mundo é muito injusto
Eu dou plantão dos meus problemas

Que eu quero esquecer
Será que existe alguém
Ou algum motivo importante
Que justifique a vida
Ou pelo menos esse instante...

Memórias - 1

Pensei em postar minhas memórias mais vivas de 'na natureza' e com elas poesia.

A primeira do ranking rsss é alergia. Tinha lá meus sete, oito anos, num dia ensolarado, tempos de correria e brincadeira. Havia bem perto um campo lindo com florzinhas pequetitinhas mesmo e super atrativas. Colhi um monte e logo em seguida uma coceira insuportável tomou conta de mim. Nunca mais tirei as pobrezinhas do seu lugar.

Finalmente
(Alzira Espíndola / Paulo Salles e Itamar Assumpção)


A vida toda eu esperei por agora
Sentir o teu perfume assim tão de pertinho
Esse teu cheiro que existe só na flora
Naquelas flores que também contém espinhos
A vida toda eu esperei essa glória
Beijar mordendo esses teus lábios de fruta
Boca vermelha cor de amora cor da aurora
Dois cogumelos recheados com açúcar
Já vem de longe esse desejo perene
Suco de kiwi escorrendo lentamente
Não é de hoje que eu preciso conter-me
Chegou a hora vamos ver finalmente

domingo, 22 de agosto de 2010

Natureza Humana - Festa de Nossa Senhora do Rosário

Festa de Nossa Senhora do Rosário - Comunidade de Mocambeiro, Matozinhos, MG

Foi extremamente significativo participar desta festa, principalmente porque a região do município de Matozinhos é por demais especial para mim. Há quase 3 anos percorro a região e realizo estudos ambientais. Manifestações genuínas como estas, nos reabastecem de coisas boas e enriquecem nosso imaginário emocional.

Seguem fotos da Guarda de Nossa Senhora do Rosário


Fotos: Renata

Foto: Flávia

domingo, 15 de agosto de 2010

Hilda Hilst - Céu, rio e mar

O homem é só. Mas constelar na essência. / Seu sangue em ouro se transmuta. / Na pedra ressuscita. / No mercúrio se eleva. /



Olha-me de novo. Porque esta noite / Olhei-me mim, como se tu me olhasses. / E era como se a água / Desejasse / Escapar de sua casa que é o rio / E deslisando apenas, sem tocar a margem./ Te olhei. E há tanto tempo / Entendo que sou terra. Há tanto tempo / Espero / Que o teu corpo de água mais fraterno / Se estenda sobre o meu.


Estou no centro escuro de todas as coisas / Mas a visão é larga / Como um grito que se abrisse e abrangesse o mar.


Hilda Hilst
http://www.hildahilst.com.br/

sábado, 14 de agosto de 2010

Percepções

A natureza possui uma multiplicidade de significados traduzidos por inúmeras expressões de arte. Muitas vezes ficou tentada a sair do objetivo central deste blog, a exposição desta multiplicidade. Principalmente quando me deparo com alguma das várias e constantes atrocidades contra a natureza. No entanto, acredito que vivenciar o mundo natural, sob diversas percepções, é muito mais prazeroso, e quem sabe um agente de mudança.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Para amigos

‘Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou – amigo – é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê que é. Amigo meu era Diadorim...’


Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas, 172-173.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O céu de Ícaro


   

     TENDO A LUA  


Composição: Herbert Vianna, Tet Tillett

Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim
O céu de ícaro tem mais poesia que o de galileu
E lendo teus bilhetes, eu penso no que fiz
Querendo ver o mais distante e sem saber voar
Desprezando as asas que você me deu
Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos de você e eu.
Eu hoje joguei tanta coisa fora
E lendo teus bilhetes, eu penso no que fiz
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim










Espetáculo 'K@osmos', Grupo Puja, FIT 2010 - BH
Fotos: Renata

Há tempos não via um espetáculo tão bonito e inspirador como K@osmos. Os sentimentos são vários, no entanto, um, com certeza , era comum a todos, a vontade estar lá em cima, em pleno vôo. Quem não tem um pouco de Ícaro? Veio, então, a vontade de postar junto com as fotos a poesia de Herbert Vianna.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Adélia e a chuva

Dona Doida


Uma vez, quando eu era menina, choveu grosso
com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora.
Quando se pôde abrir as janelas,
as poças tremiam com os últimos pingos.
Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema,
decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos.
Fui buscar os chuchus e estou voltando agora,
trinta anos depois. Não encontrei minha mãe.
A mulher que me abriu a porta, riu de dona tão velha,
com sombrinha infantil e coxas à mostra.
Meus filhos me repudiaram envergonhados,
meu marido ficou triste até a morte,
eu fiquei doida no encalço.
Só melhoro quando chove.

Adélia Prado, Poesia Reunida, 108p.