domingo, 15 de agosto de 2010

Hilda Hilst - Céu, rio e mar

O homem é só. Mas constelar na essência. / Seu sangue em ouro se transmuta. / Na pedra ressuscita. / No mercúrio se eleva. /



Olha-me de novo. Porque esta noite / Olhei-me mim, como se tu me olhasses. / E era como se a água / Desejasse / Escapar de sua casa que é o rio / E deslisando apenas, sem tocar a margem./ Te olhei. E há tanto tempo / Entendo que sou terra. Há tanto tempo / Espero / Que o teu corpo de água mais fraterno / Se estenda sobre o meu.


Estou no centro escuro de todas as coisas / Mas a visão é larga / Como um grito que se abrisse e abrangesse o mar.


Hilda Hilst
http://www.hildahilst.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário